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quarta-feira, 24 de abril de 2013


O que é o zero absoluto?

Trata-se de um limite termodinâmico hipotético? Ou, quem sabe, seja apenas o que sustenta aquele famoso golpe do Cavaleiro do Zodíaco? Será mesmo algo intransponível?

O que é o zero absoluto?
Talvez a maior referência nerd/amadora ao zero absoluto se refira a uma famosa cena dos animes. Trata-se do momento em que o Cavaleiro do Zodíaco Hyoga, em uma batalha desesperada contra o cavaleiro de ouro Kamus de Aquário, consegue sobrepujar o amor mórbido por sua mãe falecida (capaz de conter seus poderes, de acordo com a “teoria”) e disparar um pirotécnico “Execução Aurora!”.
Por trás das lágrimas, raios congelantes e cenas arrastadas, a explicação era: para disparar o terrível golpe — espécie de suprassumo destrutivo dos poderes ligados à manipulação da energia térmica —, Hyoga deveria alcançar o temido zero absoluto. Mas o que isso realmente significa? E mais: será esse “zero” assim tão “absoluto” mesmo?

“Zerando” a entropia

Embora o conceito de “um corpo que é, por sua própria natureza, tão frio que na sua companhia todos os outros corpos adquirem tal qualidade” já rodasse entre os naturalistas há muito mais tempo, foi em 1665 que Robert Boyle apresentou sua obra “New Experiments and Observation touching Cold”, ensejando a disputa denominada de “primum frigidum”.
Mais adiante, de acordo com a teoria termodinâmica clássica, o zero absoluto é obtido quando toda a energia térmica e cinética valem zero. É também possível enxergar isso como um ponto em que a entropia atinge seu valor mínimo — grandeza que é utilizada para mensurar a irreversibilidade de um sistema, relacionando-se a trabalho e a calor.
Basicamente, as leis da entropia dizem que todo o trabalho (grandeza física) pode ser integralmente convertido em calor (basta pensar em um cubo de gelo derretendo). Entretanto, o calor jamais poderá ser totalmente convertido em trabalho. Dessa forma, toda a organização do universo tende para esse ponto de irreversibilidade — o que ancora a suposta “finitude” do universo (pelo menos nos moldes conhecidos) teorizada por alguns cientistas.
Mas o zero absoluto poderia parar esse processo? De acordo com a teoria clássica, sim. Afinal, eliminar integralmente os movimentos moleculares faria com que mais nenhum trabalho fosse executado e, consequentemente, transformado em calor.
O trabalho pode ser integralmente convertido em calor, mas apenas parte do calor pode ser novamente convertido em trabalho.Fonte da imagem: Reprodução/WikimediaCommons
Convencionalmente, o zero absoluto é definido como 0 K na escala Kelvin — equivalente a -273,15 °C. Mas essa conjetura, relacionada a um estado instransponível, acabou seriamente ameaçada (para não dizer totalmente derrubada) por um golpe relativamente recente.

O golpe quântico

Conforme você pode ter lido aqui no Megacurioso, a ciência deu recentemente um daqueles saltos que deixam para trás inúmeros sorrisos amarelos — incluindo nós mesmos, é verdade. Os responsáveis pelo “constrangimento” foram cientistas da Universidade de Ludwig Maximilian, na Alemanha, os quais foram capazes de criar um gás que não apenas atingiu o ideal do zero absoluto como também oultrapassou!
Tudo bem que, em termos leigos, não foi lá uma grande ultrapassagem — tratam-se apenas de alguns bilionésimos de graus abaixo dos -273,15 °C. Mas, naturalmente, o gás quântico com átomos de potássio foi o suficiente para que o ideal termodinâmico possa ser desconsiderado — levando ainda a outras considerações sobre a própria natureza do universo.
Será o momento para um novo upgrade do Cavaleiro do Zodíaco?Fonte da imagem: Reprodução/Toei
Enfim, um belo golpe para o aprendizado do Hyoga. Aguarde agora por uma versão 2.0 da “Execução Aurora!” — uma que será ainda mais fria, talvez lançando mão de alguma explicação da física quântica, quem sabe? É claro que o cavaleiro precisaria de um tutor ainda mais avançado para isso. Talvez fosse necessário também mais um parente para poder se “desligar afetivamente”... Enfim, melhor deixar pra lá.

Barragens do Grande Recife estão com menos de 50% da capacidade


 Mesmo com rodízio no abastecimento, volume de água ainda é baixo.

Barragem de Pirapama está com 20% do seu volume total.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
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Barragem de Pirapama está com apenas 14% de sua capacidade total devido ao período de estiagem. (Foto: Nathalia Pereira / Compesa)Barragem de Pirapama está com apenas 20% de sua capacidade total, devido ao período de estiagem.
(Foto: Nathalia Pereira / Compesa)
A uma semana de completar dois meses de racionamento de água, nove das dez barragens responsáveis pelo abastecimento da Região Metropolitana do Recife ainda estão com menos de 50% de sua capacidade, de acordo com boletim de monitoramento da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac). O rodízio foi iniciado no dia 1º de março, na parte plana da capital, em uma ação da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) iniciada após a constatação que o período de estiagem está afetando o abastecimento das barragens do Grande Recife.
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Nível das barragens do Grande Recife em relação a sua capacidade total
Barragens01/03/2013 *23/04/2013
Pirapama25,6%20,5%
Tapacurá51,4%46,9%
Botafogo23,7%17,4%
Duas Unas43%31,1%
Várzea do Una33%31,7%
Bita20,3%53%
Carpina19,7%18,5%
Goitá63,2%48,5%
Sicupema--24,9%
Utinga/Tabatinga--19,7%
* Início do racionamento
Fonte: Agência Pernambucana de Águas e Clima
O diretor de regulação e monitoramento da Apac, Sérgio Torres, aponta que uma das situações mais preocupantes é a de Pirapama, que em 15 de abril de 2012 tinha 68% do volume total em água e, no mesmo dia de 2013, tinha 14%. No boletim de monitoramento da Apac da última terça-feira (23), após algumas chuvas, está com 20,5%. “Temos uma anomalia neste ano, está mais seco que o normal. O problema maior são as barragens que estão muito abaixo de 50%, mas algumas como Botafogo, em 2011, estava em 29% e agora está com 17,4%. Não é o ideal, mas não é algo tão gritante como Pirapama”, afirma Torres.

Diretor Metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio Souza explica que a companhia havia conseguido equilibrar a oferta e a demanda de água na RMR com a entrada de Pirapama na rede. “Nós saímos de uma produção da ordem de nove metros cúbicos por segundo para aproximadamente 15 metros cúbicos por segundo, quando Pirapama entrou em ação. Isso equilibrou o balanço oferta-demanda. [O problema é que] em função da escassez e dos níveis baixos dos reservatórios, de Pirapama, Tapacurá, Duas Unas, de todo o sistema de barragens que atende a Região Metropolitana, a gente praticamente retirou um Pirapama da rede. Hoje, a gente voltou para os mesmos nove metros cúbicos por segundo, antes da situação de ter Pirapama, o que gerou o desequilíbrio novamente e nos obrigou a implantar o regime de rodízio”, detalha Souza.

Apesar da situação preocupante, Torres afirma que o volume residual de Pirapama resiste até junho. “Para a segunda semana de maio, nossos meteorologistas já apontam que deve haver chuvas mais intensas e, com isso, a situação deve melhorar”, explica o diretor de regulação e monitoramento da Apac.
Luciano Nascimento está tendo que carregar água. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Luciano Nascimento está tendo que carregar água.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Morador do bairro de Brasília Teimosa, o entregador de jornais Luciano Nascimento comemorou quando passou a receber água todos os dias na torneira, com a inauguração da terceira etapa de Pirapama, no final de 2011. Agora, se vê obrigado a buscar água em uma cacimba a 300 metros de onde mora. “Eu trabalho de madrugada e, quando chego, ainda tenho que carregar balde de água. Desde que anunciaram o racionamento, está ‘bronca’, não chega”, desabafa.
O pescador Dézio Zacarias Gomes sabe que o problema do bairro é por vezes o encanamento. “As braçadeiras entopem, acaba não chegando água pra todo mundo. Quando faltava água antes, não ficava todo esse tempo não”, recorda o pescador. “Desde que começou o racionamento, eu estou vendendo mais água mineral, até para o pessoal tomar banho”, conta o vendedor de água Adeílson Souza, também de Brasília Teimosa.
Torneiras estão secas, Maria da Luz usa o tanque como balde para lavar roupas das crianças. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Torneiras estão secas em São Lourenço da Mata. Maria da Luz usa o tanque como balde para lavar roupas das crianças. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Morando a vida inteira em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, a aposentada Maria da Luz Nascimento está preocupada. “A gente sabe que está com racionamento porque não chove, mas nunca vi algo assim. No Sertão tem seca pior do que aqui, mas aqui também tem seca. Está muito difícil, a gente vai dormir de madrugada porque fica de ‘tocaia’, para ver se a água chega às duas, três da manhã”, conta.
De acordo com o cronograma da Compesa, o bairro em que a aposentada mora, Chã de Luz, está recebendo água durante 20 horas em um dia, para então passar quatro dias sem receber. “Quando chega, a água vem muito fraca, nem sobe direito para a caixa”, lamenta Maria da Luz, que divide ainda a casa com filhos, netos e bisnetos. A caixa de 500 litros que tem na varanda da casa é que tem servido para abastecer os baldes para lavar as roupas das crianças.
Diretor Metropolitano da Compesa, Rômulo (Foto: Katherine Coutinho / G1)Diretor Metropolitano da Compesa, Rômulo Souza.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
O diretor Metropolitano da Compesa reconhece que alguns locais estão enfrentando problemas com a pressão da água. “Todo o abastecimento de água é projetado para não funcionar com rodízio. Quando você implanta um esquema de intermitência, uma hora tem água, outra hora não tem, gera uma operação anormal e, consequentemente, você tem pontos que não equilibram adequadamente a pressão”, explica Souza. Entre os bairros no Recife com mais problemas nesse sentido estão Alto Santa Terezinha, Brasília Teimosa, Bairro do Recife e algumas áreas do Ibura.
Os problemas da própria rede, como encanamentos antigos, acabam por piorar a situação do abastecimento. Para lidar com o problema, a companhia tem estudado os pontos críticos para buscar soluções, que vão desde alterações técnicas a obras. “Se você restringe a oferta, esses pontos críticos da rede de distribuição se ampliam. [...] Muitas vezes, a manobra está feita, as válvulas até estão abertas para aquele local, que deve chegar água durante todo o período previsto no calendário, mas devido às condições insuficientes da rede, esse número de horas em que deveria chegar água nem sempre é aquele previsto no calendário”, detalha o diretor Metropolitano da Compesa.
Como a água não chegou no dia previsto, Lucicleia se viu sem água até para beber. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Como a água não chegou no dia previsto, Lucicleia, moradora do Alto de Santa Terezinha, se viu sem água até para beber.  (Foto: Katherine Coutinho / G1)
No Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife, parte do bairro está recebendo água de acordo com o calendário. Outra parte, mais próxima do centro comercial, passa pelos problemas apontados pelo diretor: a água não chega como deveria. Na casa de Lucicléia Pessoa moram quatro adultos e cinco crianças. “Só Jesus sabe como a gente está conseguindo. Tem dia que ‘queima’ [não chega], como aconteceu agora, e a gente tem que comprar água mineral para lavar prato. Eu estou sem sequer um copo d’água. Nem para as galinhas eu tenho”, queixa-se Lucicléia.
O motorista Antônio Cipriano da Rocha está acostumado a ver racionamento de água nos meses de verão. Morador do bairro de Timbi, em Camaragibe, ele não tem tido problemas com o calendário de abastecimento, mas admite que nunca viu o racionamento durar tanto. “A gente entende a situação, mas este ano está demorando mais que o normal para normalizar”, afirma Rocha.
Cacimbas e poços
Alguns moradores não sentem tanto o problema de falta de água porque têm cacimbas, uma espécie de poço artesanal feito no chão. É o caso do aposentado Amaro Ferreira, que acaba fornecendo água para vizinhos, na comunidade de Muribara. “A gente vê os vizinhos sofrendo, minha sorte é essa cacimba, mas a gente tem que cuidar. Tem alguns que já estão com a cacimba só na lama. Se não chover, não vai adiantar”, preocupa-se Ferreira.
Cacimba de Amaro Ferreira é que tem salvado os vizinhos de ficar totalmente sem água. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Cacimba de Amaro Ferreira é que tem salvado os vizinhos de ficar totalmente sem água.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Foi a cacimba de um vizinho que salvou a empregada doméstica Maria José Pereira da Silva, outra moradora de São Lourenço da Mata. Com uma filha em idade escolar, Maria José chegava do trabalho e ia até a cacimba de um vizinho buscar água. “Eu não sei o que é um banho de chuveiro faz muito tempo. A gente ficou mais de uma semana sem chegar água, agora pelo menos chega fraca. Meu irmão mora no Parque Camaragibe e está vindo tomar banho de cuia na minha casa, porque lá não chega nada”, explica Maria José.
Morando em Brasília Teimosa, no Recife, Edinaldo de Lima conta que virou ‘mania’ no bairro furar poço. “Todo mundo quer fazer um. Antes dessa história de racionamento, a água chegava. Agora? Lá em casa mesmo, estamos só com poço. O problema é que, sem chuva, não adianta poço. Se não chover, vai faltar água até no poço”, pondera.
Sebastião Lira está acostumado a correr quando a água chega para enxer os reservatórios. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Sebastião Lira está acostumado a correr quando a água chega para encher os reservatórios.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
O aposentado Sebastião Lira mora na parte alta do Ibura, que foi pouco afetada pelo racionamento. Mantendo o esquema de um dia com água e outro sem, ele e a esposa Solane Cavalcanti estão acostumados a armazenar água. “Já faz parte da rotina da gente. Quando vem a água, a gente enche baldes e garrafas. Não é fácil, mas a gente se acostuma”, afirma Lira.

Quando dá o horário em que a água costuma chegar, Solane fica logo atenta. "Tem que correr, antes que acabe. A gente aproveita para lavar roupa, encher a caixa. Para a gente, o racionamento não mudou muita coisa. Aqui no Ibura, a gente já está acostumado com essa rotina", explica Solane.
Obra da Compesa no Ibura, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Operários trabalham em obra da Compesa no Ibura, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Obras
A cada mês, a Compesa afirma fazer cerca de 6 mil reparos de vazamentos. Em momentos de escassez de água, a situação torna-se ainda mais preocupante. Para resolver esses problemas e também os da água que não chega aos locais que deve, a companhia afirma que tem feito obras em toda a RMR. “A Compesa está investindo quase R$ 500 milhões na troca dessa infraestrutura que está aí. A nossa expectativa é que venhamos a substituir 40% da rede de distribuição. Estamos com um investimento maciço dentro do Ibura, principalmente para regularizar muitas áreas que estão conectadas à rede de forma clandestina e organizando aquelas redes onde a estrutura é muito precária”, afirma o diretor metropolitano.
O polidor Welton dos Santos espera que as obras resolvam mesmo a situação do bairro. “Eles trabalham só a noite, chega trator e caminhão a noite toda. Durante o dia, quando chega água, chega muito fraca por causa do racionamento e também das obras”, reclama Santos. “A gente sempre espera que melhore, mas é uma poeira danada nas casas”, afirma a vendedora Sarine Silva.
Embora não possa prometer chuva, o diretor metropolitano da Compesa afirma que podem agir para evitar que, quando a água chegar, haja problemas. “Esse trabalho de implantação de rede nova, de substituição das redes que não têm mais funcionamento, isso vai ajudar porque a gente vai estar atuando preventivamente. Para diminuir esse contingente de vazamentos que temos mensalmente”, afirma Souza.
Além das obras relacionadas aos encanamentos, estão sendo construídas ainda barragens e novos sistemas, além de Pirapama. "Na Zona Sul, começamos a construção da barragem Engenho Maranhão, que vai atender às praias do litoral sul, até o Cabo de Santo Agostinho, na região de Suape, [e também] a cidade de Ipojuca. Além de Pirapama, começamos a construção de outros sistemas que vão se somar aos existentes para dar uma melhor flexibilidade funcional para o sistema e atender a demanda crescente dos próximos 30 anos. Na verdade, a gente constrói barragem, mas se não tiver recarga [chuva], não adianta nada", conforma-se o diretor metropolitano da Compesa.

Maior cemitério público de Maceió coloca em risco a saúde da população


Maior cemitério público de Maceió 


São José apresenta superlotação e uma série de problemas estruturais.
Necrochorume contamina o solo e lençol freático do bairro do Trapiche.

Carolina Sanches e Waldson SouzaDo G1 AL
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Corpos enterrados de maneira inadequada diretamente no solo e em contato direto com os lençóis freáticos, sepulturas violadas pela ação do tempo, covas rasas com corpos e ossadas à mostra, restos de mortalhas, caixões e corpos abandonados ao relento, coveiros trabalhando sem equipamentos de proteção e a circulação livre de animais e pessoas são apenas algumas das irregularidades ambientais e sanitárias encontradas no maior cemitério público de Maceió, o São José, que fica no bairro do Trapiche.
Crânio exposto é flagrado no cemitério público São José, no bairro do Trapiche (Foto: Waldson Costa/G1)Crânio exposto é flagrado no cemitério público São José, no bairro do Trapiche (Foto: Waldson Costa/G1)
Considerado um ambiente propício à contaminação, devido à falta de critérios no manejo dos corpos enterrados, e diante da ausência de cuidados com o espaço, o cemitério São José, que fica localizado em uma área central da capital alagoana, com a presença de prédios residências e comerciais nos arredores, coloca em risco à saúde da população e do meio ambiente.

Mortalhas, restos de ossadas e caixão abandonados junto ao lixo que fica dentro do cemitério (Foto: Waldson Costa/G1)Os indícios da contaminação são visíveis aos olhos menos atentos e constatados por estudos a exemplo da pesquisa "Avaliação da Contaminação das Águas Subterrâneas por Atividade Cemiterial na Cidade de Maceió", elaborada pela pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Florilda Vieira da Silva, que localizou a presença de necrochorume, substância tóxica produzida pela decomposição dos corpos, no lençol freático do cemitério.

"A pesquisa localizou as bactérias ao analisar a água dos poços do cemitério. Os indícios são fortes e já esperados devido ao procedimento de enterramento e inumação que é adotado no São José. Como os corpos são colocados direto na terra, era previsível que o necrochorume se espalhasse. Ainda mais porque a região do Trapiche possui lençóis freáticos muito próximo da superfície", relata a pesquisadora que é mestre em Recursos Hídricos e Saneamento pela Ufal.
Mortalhas, restos de ossadas e caixão abandonados junto ao lixo que fica dentro do cemitério (Foto: Waldson Costa/G1)
Com um estudo focado na análise das substâncias localizadas na água, Florilda Vieira expõe que outros indícios apontam a presença do necrochorume no ambiente.

“É recomendável que as pessoas que moram próximo ao cemitério não façam uso de águas de poços. E que as pessoas que trabalham e frequentam o lugar tomem cuidado ao usar o líquido retirado dos poços que estão espalhados pelo local. Pois a contaminação é real. E, dependendo da situação, não está só na água ou na terra, mas também no ar e nas paredes dos túmulos”, completa a pesquisadora.
Diante da constatação da contaminação ambiental e do risco sanitário, o médico infectologista e professor da Universidade de Ciências da Saúde (Uncisal), José Maria Constant, explica que o processo de decomposição dos corpos é promovido por bactérias que já existem no ser humano e que se proliferam.
Água dos poços do cemitério São José apresentam indicíos de necrochorume (Foto: Waldson Costa/G1)Água dos poços do cemitério São José apresenta
indício de necrochorume (Foto: Waldson Costa/G1)
O infectologista explicou que os microorganismos liberados durante o processo de apodrecimento dos corpos pode transmitir doenças por meio da ingestão ou contato com água contaminada pelo necrochorume. É assim que muitas pessoas podem acabar sendo vítimas de enfermidades.

“À medida que não existe sistema de defesa funcionando e o corpo se decompõe, as bactérias são incorporadas ao ambiente vizinho”, informou.

Para o médico, o maior risco para saúde pública na região é, como constata o trabalho de mestrado da pesquisadora Florilda Vieira, a contaminação do lençol freático. “Se a gente considera que nessa região onde fica o cemitério o lençol freático é pouco profundo, o necrochorume contamina com facilidade”, alerta.

Segundo o especialista, a proliferação das bactérias na água pode trazer doenças diversas. “Não podemos nem calcular a quantidade de doenças que a água contaminada pode transmitir”, acrescenta José Constant.
Com a superlotação e a falta conservação, túmulos violados é uma contante no cemitério  (Foto: Waldson Costa/G1)Com a superlotação e a falta conservação, túmulos violados são uma contante no cemitério (Foto: Waldson Costa/G1)
TAC Cemitérios
Diante das ameaças provocadas pelo necrochorume, em 2011, foi firmado, junto ao Ministério Público Estadual (MPE), um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que obriga os cemitérios públicos e privados a adotarem medidas de redução de impacto ambiental, na tentativa de se evitar a contaminação do solo e da água.

O promotor de Justiça do Núcleo de Defesa do Meio Ambiente, Alberto Fonseca, explicou que a Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) de Maceió foi orientada, em 2012, a monitorar a qualidade da água consumida pela população dos bairros que possuem cemitérios.
Cemitério fica localizado ao lado de prédios residenciais e comerciais (Foto: Waldson Costa/G1)Cemitério fica ao lado de prédios residenciais e
comerciais (Foto: Waldson Costa/G1)
“Quando tomamos conhecimento da pesquisa da Ufal, solicitamos à Sempma o monitoramento dos poços artesianos dos bairros rodeados por cemitérios. A secretaria ficou de nos enviar um relatório, mas isso ainda não foi feito até agora”, informou.

Fonseca disse ainda que já solicitou ao órgão informações que comprovem se o TAC que foi firmado pelo órgão está sendo cumprido. “Inicialmente não sugerimos o fechamento dos cemitérios porque é preciso saber quais os impactos que ele está causando. Além disso, é preciso que haja uma nova área pública para sepultamento dos corpos antes que isso aconteça”, falou o promotor.
Ao ser procurada pela reportagem do G1, a Sempma informou que ainda está avaliando a situação dos cemitérios públicos de Maceió e os problemas constatados pela reportagem.  Até a publicação desta matéria, nenhuma informação foi repassada pelo órgão municipal sobre os procedimentos que serão tomados para minimizar os fatores que põem em risco o meio ambiente e a saúde pública da população. A instituição também não informou se os cemitérios públicos da capital alagoana possuem licença ambiental, conforme determina o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Comerciantes vendem alimentos na frente do cemitério São José (Foto: Waldson Costa/G1)Comerciantes vendem alimentos em frente ao cemitério São José, no Trapiche (Foto: Waldson Costa/G1)Fonte: http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2013/04/maior-cemiterio-publico-de-maceio-coloca-em-risco-saude-da-populacao.html

Empresa holandesa busca voluntários para 'reality show' em Marte

Serão selecionados 24 voluntáriosA organização holandesa sem fins lucrativos 'Mars One' lançou nesta segunda-feira uma convocação para que voluntários apresentem suas candidaturas para uma viagem só de ida ao planeta vermelho em 2022, onde participarão de um 'reality show', anunciou a companhia em uma entrevista coletiva celebrada em Nova York.

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Todo mundo pode se candidatar, mas com as condições de ser maior de 18 anos e falar bem inglês.
No total, a 'Mars One' busca 24 voluntários ou seis grupos de quatro de diferentes nacionalidades, que farão a viagem de ida com dois anos de intervalo, sendo a primeira partida prevista a partir de 2022.
A organização aposta na cobertura midiática do projeto para angariar recursos e financiar boa parte da missão.
As principais qualidades esperadas dos candidatos são "capacidade de adaptação, tenacidade, criatividade e compreensão dos outros", enumerou Norbert Kraft, diretor médico da 'Mars One'.
Os quatro primeiros voluntários deverão pousar em Marte em 2023, após uma viagem de sete meses. Sua chegada e seus primeiros passos para tentar montar uma colônia no planeta vermelho dará lugar à exibição de um 'reality show', explicou o holandês Bas Lansdorp, co-fundador da 'Mars One', durante a entrevista coletiva.
"O objetivo da 'Mars One' é levar os seres humanos a Marte. Precisamos do interesse do mundo para fazer isto acontecer", explicou Lansdorp.
"Diferentemente da cobertura televisiva dos Jogos Olímpicos, a 'Mars One' pretende manter o interesse da mídia mundial de forma duradoura após a seleção dos astronautas, seu treinamento, lançamento e chegada a Marte", explicou Bas Lansdorp.
A empresa já recebeu "10.000 e-mails de pessoas de mais de cem países diferentes interessadas nesta missão", acrescentou.
A primeira rodada de candidaturas online se estenderá até 31 de agosto próximo. Especialistas da 'Mars One' elegerão os aspirantes a astronautas que continuarão na disputa.
Em seguida, cada país escolherá um candidato e finalmente restarão entre 24 e 40 pessoas que serão treinadas para a missão.
Sem o retorno, os custos da viagem diminuem consideravelmente e a primeira missão, com quatro astronautas, é estimada em seis bilhões de dólares, explicaram os encarregados da 'Mars One'.
"Parece um montão de dinheiro. E na verdade é um montão de dinheiro. Mas imagina o que vai acontecer quando as primeiras pessoas pousarem na superfície de Marte. Todo mundo vai querer ver", entusiasmou-se Landsdorp.
Este projeto tem provocado muito ceticismo, mas recebeu o apoio do cientista holandês Gerard't Hooft, ganhador do Nobel de Física em 1999, presente na coletiva.
"Ainda sou cético, devido aos contratempos e complicações, mas isto é tecnicamente possível", disse Hooft aos jornalistas.
Até agora só foram realizadas duas missões não-tripuladas, com robôs enviados a Marte, ambas gerenciadas com sucesso pela Nasa. A última está em andamento, avaliada em 2,5 bilhões de dólares. O protagonista é o veículo-robô Curiosity, que pousou no planeta vermelho em agosto de 2012.
O projeto da 'Mars One' traz vários desafios. Além da impossibilidade de os astronautas voltarem à Terra, eles terão que viver em pequenos habitats, encontrar água, produzir o próprio oxigênio e cultivar seus alimentos em um ambiente hostil.
Marte é um grande deserto com sua atmosfera constituída, sobretudo, de dióxido de carbono e onde a temperatura média é de 63 graus Celsius negativos.
Os astronautas também deverão suportar radiações cósmicas perigosas durante a viagem. Por fim, ainda não há um foguete e uma cápsula para transportar os voluntários.
Mas para os membros da 'Mars One', o maior risco é o financiamento, afirmou Lansdorp, o que não impede que a organização sonhe alto.
"O objetivo de longo prazo é ter uma colônia permanente, não só mandar gente para lá", afirmou Norbert Kraft, diretor médico do programa.

Tensão cresce na França após aprovação da união homossexual

Protestos tomaram as ruas de várias cidades do país.
Assunto dividiu sociedade francesa, com protestos contra e a favor.


O Parlamento francês aprovou nesta terça-feira o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. No início da noite, manifestações organizadas por partidários e opositores da lei tomaram as ruas de Paris. (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)Manifestante tenta derrubar barreira montada pela polícia próximo da Assembleia Nacional  (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)
Depois da aprovação pelo Parlamento do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a adoção por casais homossexuais nesta terça-feira (23), os franceses enfrentam um clima de tensão em várias partes do país.
No início da noite, manifestações organizadas por partidários e opositores da lei tomaram as ruas de toda a França. Nas proximidade da prefeitura de Paris, personalidades políticas da esquerda marcharam ao som de 'obrigado, obrigado, obrigado' de manifestantes em êxtase.
Do outro lado, a determinação em lutar contra a lei continua. 'Se alguns pensam que acabou, vamos mostrar que não acabou', lançou a líder de um dos principais movimentos contra o casamento gay, Frigide Barjot, à frente de uma multidão no centro de Paris. Após um minuto de silêncio, os manifestantes retomaram seus slogans, como 'Hollande, o inimigo da família'.
Em Lyon, quinze manifestantes opostos ao casamento homossexual foram detidos após incidentes com a polícia.
O presidente François Hollande deve ainda promulgar o texto que permitirá a realização das primeiras uniões ainda neste verão. O governo espera que a aprovação deste projeto de lei dissipe a crise provocada pelo tema, que foi uma das principais promessas da campanha do presidente.
Mas a oposição de direita, que se alinhou de forma quase unânime contra este projeto, e os detratores do casamento gay, que foram às ruas expressar sua desaprovação, alertaram que não vão parar de protestar. A oposição prometeu apresentar um recurso ante o Conselho Constitucional contra esta lei, que também autoriza a adoção por parte de casais de mesmo sexo.
A tensão que precedeu aos debates parlamentares continuou até o fim. Dois manifestantes tentaram hastear uma bandeira no espaço reservado ao público antes de serem evacuados, enquanto outros opositores protestaram na rua do lado de fora da Assembleia Nacional. Uma manifestação nacional está prevista para 26 de maio.
Polícia tenta conter manifestante em Paris (Foto: Philippe Wojazer/Reuters)Polícia tenta conter manifestante em Paris (Foto: Philippe Wojazer/Reuters)

Vai a 60 o nº de mortos após prédio desabar em Bangladesh

Edifício de oito Andares ruiu no arredores da capital Daca.
Número de mortos não é definitivo e pode aumentar.



Um prédio nos arredores de Daca, capital de Bangladesh desabou nesta quarta-feira (24), deixando 60 mortos e centenas de feridos, informam as agências internacionais de notícia, com base no relato de integrantes das equipes de resgate.
O número de vítimas ainda não é definitivo e pode aumentar, pois mais de 1.000 pessoas estavam no edifício na hora do desabamento, segundo estimativa de bombeiros que estão no local.
O edifício Rana Plaza, de oito andares, que fica na região de Savar, 24 km ao noroeste da capital, ruiu no começo da manhã, disse o diretor-adjunto do Corpo de Bombeiros de Daca, Salim Newaj Bhuyian.
Prédio de oito andares sofreu colapso e desabou em Bangladesh (Foto: A.M. Ahad / AP Photo)Prédio de oito andares sofreu colapso e desabou em Bangladesh (Foto: A.M. Ahad / AP Photo)
Os bombeiros resgataram 60 pessoas das ruínas, informou o diário “The Daily Star”. Equipes de resgate seguem trabalhando nos escombros, à procura de sobreviventes. De acordo com o jornal, há pessoas desaparecidas no local.
O Rana Plaza abriga um mercado, lojas têxtil e uma agência bancária.
Não há ainda informações sobre as causas do desabamento. 
Em 2006, 61 pessoas morreram e outra 86 se feriram após o desabamento de um edifício de nove andares localizado na mesmo região.